domingo, agosto 01, 2010

Capítulo II - Re(vi)vendo memórias... Meijinhos

Para quem não sabe, fazia parte da nossa ordem de trabalhos uma breve visita a Meijinhos, uma pequena freguesia do Concelho de Lamego. As razões para essa visita eram diferentes para uns e outros. Para mim era o reviver e rever memórias passadas e deslumbrar a vista com tão belas paisagens; para quase todos era o deleite da paisagem e o prazer da arte.
Meijinhos é a terra do meu pai, e por isso era, na minha infância, um ponto de romaria semanal ao domingo: o meu pai visitava a família e nós, cachopos ainda, arremedavamo-nos em brincadeiras com amigos efémeros cujo nome nem sabíamos. Mas o mundo nessa altura parecia-me perfeito ou, pelo menos, nada tinha o sabor do irremediável.
Repito que foi para mim um momento de felicidade muito grande poder rever e reviver estas memórias e poder partilhá-los (esse momento íntimo e essas memórias) com a família e os meus amigos. Juro e prometo que este foi o único momento de prosa íntima que aqui posto hoje.
Vamos ao relato da viagem que são que horas e o barco não espera.
Ora este sábado foi marcado por uma alvorada especial. Às 7 da matina, ouviram-se os foguetes, mas ninguém arribou porque ninguém se lembrou de que eram as festas da Srª da Saúde e todos pensaram que era o estado de espírito do nosso decano, a libertar as salamantinas que retivera na noite anterior na dança da chuva. Eram já oito e muitos quando a Lurdes e o Antonino se puseram a perguntar em voz alta #"Mas quem será? Mas quem será o pai da criança?" #. A resposta até poderia ter sido simpática se não se desse o caso de a pergunta ter sido feita acompanhada pelo bombo em altas batidas. Haviam de ver aquele pessoal todo a fugir dos quartos como formigas esbaforidas por menino que se lembrou de mijar no formigueiro.
O que eu sei é que ninguém quis assumir a paternidade do infante e todos quiseram tomar o pequeno-almoço, porque às 9.30 foi hora de zarpar para Meijinhos.
Meijinhos tem claramente duas partes distintas na freguesia. A parte mais antiga lembra um pouco uma aldeia-presépio, com a igreja e o respectivo campanário no topo de uma colina onde, no séc. IV d.C. existiu um acampamento militar romano. Foram encontrados muitos vestígios de cerâmica dessa época na altura da construção do cemitério e dos arroteamentos para uma vinha. Aliás, foi neste último caso que se descobriu uma cabeça de estátua romana em mármore que ainda hoje está no museu de lamego.
Ao passarmos pela fonte, o Rafel aproveitou para lavar a roupa de baixo. Tinha transpirado muito no baile anterior. Não estou a inventar nada, pois houve outras provas documentais já publicadas onde o decano está a lavar a sua roupinha.
Uma das razões da nossa ida foi esta: a observação in loco de um tríptico mural pintado no século XVI com a técnica designada por fresco. Foram recentemente descobertos por detrás do altar-mor, que era ricamente decorado em talha dourada. No início, pensava-se que eram do século XV, mas sabe-se hoje que devem datar de 1536. As pinturas murais representam momentos da vida da Virgem ou com ela relacionados. Ao centro temos uma imagem da Assunção de Nossa Senhora, à direita estão os pais de S. João Baptista (Isabel e Zacarias) e à esquerda temos uma cena doméstica de visitação: Maria e Jesus visitam Santa Ana e S. Joaquim, pais e avós, respectivamente. A recuperação deste tríptico levou 5 anos a concluir, mas hoje é considerado um dos mais belos exemplares da pintura mural renascentista duriense. Nas paredes laterais havia também outros frescos, mas o estado era tão desgastado que não justificou que ficassem à mostra.
Foi curioso que, à saída da igreja, nos deparámos com um grupo de 'trolhas' ucranianos que descansavam das obras árduas. Era a hora do mata-bicho...
Ei-los que descansam...
E o capataz, depois de pôr ordem na turba e os ter colocado na obra.
Uma galinha? Quem pôs aqui a galinha num momento tão 'culturale'? Cá para mim foi intromissão do Rafael. Não havia necessidade, pois este era um momento de cultura (não de agricultura ou agro-pecuária). Sendo assim, cria a necessidade de, em momento futuro, se explicar ilustradamente a história da galinha, do ovo, do Rafael e do outro lado. Não perca, brevemente (????) numa banca perto de si!

8 comentários:

  1. E o RAFA, enquanto espera pela continuação da narrativa, tem de alimentar o pito que tem na mão?

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  2. Foi ele quem o pôs na mão. Ninguém lhe pediu para o segurar, por isso acho bem que o segure e alimente, enquanto pode...

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  3. mas o pito tá feito ao bife...porque já não há milho como dantes!
    Huuuuuiiiiii!
    também devo observar que o patrão só tinha "Ucranianas"!
    AH! prégunta ao Paulo pelo vídeo da lengalenga.
    Que diabo já era tempo!

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  4. Ó Rafaelito, não sejas um puto traquina e deixa o Antonino "deslumbar" a vista :O)

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  5. Antonino2/8/10 10:55

    Isso é algum neologismo?

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  6. Antonino2/8/10 23:15

    Prova que lá esteve!!!!

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  7. A tua sorte, labrego, é a cache do Google também já ter sido actualizada.

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Tuna Tecales!