sexta-feira, fevereiro 25, 2011
quarta-feira, fevereiro 23, 2011
domingo, fevereiro 20, 2011
Arrematação... e um pouco de história do Coiso
1997 tinha sido um ano em cheio para o Grupo de Danças e Cantares do CDCR dos CTT de Coimbra. Em Maio gravámos o primeiro (e único, até agora) CD do grupo. Mas custou. O Pedro Concertinas sempre disse que nós não tínhamos qualidade para fazer uma gravação. Eu contrapunha que o importante era fazermos algo que nos desse gozo (e deu) e que pudesse ficar como memória futura (e aí está).
Em Outubro desse ano, recebemos a visita dos nossos amigos da Noruega, com o seu grupo de danças tradicionais. No dia 11 de Outubro, fizemos uma actuação conjunta, com as Cantadeiras de Caria, no salão da Junta de Freguesia de Caria. Casa cheia de malta que assistiu ao espectáculo «Triunfo do Sol».
Nessa altura já se falava, em conversas e reuniões, da necessidade de se criar um novo espectáculo. O João Curto dizia que estava disponível para pensar nisso: "entre 24 de Outubro e 8 de Novembro de 1997 é que não posso, porque há as Jornadas do GEFAC". Mas o tempo passava e o João Curto tornou-se o nosso D. Sebastião, pois nunca mais apareceu.
Enquanto muita malta achava que sem o João Curto não conseguiríamos fazer nada de jeito (sendo o Pedro Concertinas quem mais dizia isso, mas outros pensavam o mesmo) alguns de nós decidimos avançar com as nossas próprias ideias.
E criámos a «Romaria», com uma entrada de sons do campo (com badalos, um "grilo" que era o alarme de um relógio digital, uma "vaca" do Imaginarium, um passarito que era um pequeno assobio de barro com água dentro,...) na madrugada do grande dia, enquanto as mordomas limpavam e arranjavam a capela... a romaria ao santo (que eu levava de casa, um Santo António bem pesadinho, em calcário)... as danças e os cantares de festa... «a arrematação»... e o regresso da romaria, com a Luisa Moura a cantar o «Borda d'água».
Em Novembro de 2000 regressámos a Caria, desta vez com a «Romaria»... e foi de novo um sucesso.
De todos os momentos, o que me deu mais gozo, por aproveitar as capacidades do Fernando Rafael, foi a «Arrematação», que escrevi com base nas minhas memórias das festas do Santo Antão da minha infância, em Caria. O Rafael fazia sempre sucesso a dizer estes versos com a alma que só ele sabe transmitir, intercalado com uma música que o Pedro Concertinas escolheu, da qual só me lembro que punha o Rafael a dar pulinhos no palco. Alguém se lembra de qual era essa música?
Aqui ficam fotos e a letra da «Arrematação». Quem dá mais? Quem dá mais?
Arrematação
Boa gente, venham cá, chegou a hora
De fazermos a arrematação
Para ajudar as obras da capela
E se quiserem prender um coração
A Ti’ Maria ofertou esta galinha
A melhor poedeira da aldeia
E p’ra quem não quiser estar à espera
Leva a cesta que de ovos está cheia
Sai a dez! Quem dá mais? Quem dá mais?
Doze mil réis p’ró Elias marceneiro
Quinze mil para o António da burra
Vinte mil réis para o Ti’ Zé Ribeiro
Vinte mil réis, uma. Vinte mil réis, duas. Vinte mil réis, três!
Arrematado! Que seja abençoado
E bem haja a quem a oferta fez Vejam só que maravilha, esta oferta
Feita pela D. Fátima da Fé
Galinha assada, um chouriço, uma broa
Arroz doce e um litro de água-pé
Sai a vinte! Quem dá mais? Quem dá mais?
Trinta mil réis p’ró Ti’ Carlos Sacristão
Setenta e cinco ali para o Zé Ceroulas
Cem mil réis p’ró Chico da estação
Cem mil réis, uma. Cem mil réis, duas. Cem mil réis, três!
Arrematado! Que seja abençoado
E bem haja a quem a oferta fez
O Carlos Car(v)alho relembra-nos a música que usámos: os primeiros acordes da Chula de Paus.
Em Outubro desse ano, recebemos a visita dos nossos amigos da Noruega, com o seu grupo de danças tradicionais. No dia 11 de Outubro, fizemos uma actuação conjunta, com as Cantadeiras de Caria, no salão da Junta de Freguesia de Caria. Casa cheia de malta que assistiu ao espectáculo «Triunfo do Sol».
Nessa altura já se falava, em conversas e reuniões, da necessidade de se criar um novo espectáculo. O João Curto dizia que estava disponível para pensar nisso: "entre 24 de Outubro e 8 de Novembro de 1997 é que não posso, porque há as Jornadas do GEFAC". Mas o tempo passava e o João Curto tornou-se o nosso D. Sebastião, pois nunca mais apareceu.
Enquanto muita malta achava que sem o João Curto não conseguiríamos fazer nada de jeito (sendo o Pedro Concertinas quem mais dizia isso, mas outros pensavam o mesmo) alguns de nós decidimos avançar com as nossas próprias ideias.
E criámos a «Romaria», com uma entrada de sons do campo (com badalos, um "grilo" que era o alarme de um relógio digital, uma "vaca" do Imaginarium, um passarito que era um pequeno assobio de barro com água dentro,...) na madrugada do grande dia, enquanto as mordomas limpavam e arranjavam a capela... a romaria ao santo (que eu levava de casa, um Santo António bem pesadinho, em calcário)... as danças e os cantares de festa... «a arrematação»... e o regresso da romaria, com a Luisa Moura a cantar o «Borda d'água».
Em Novembro de 2000 regressámos a Caria, desta vez com a «Romaria»... e foi de novo um sucesso.
De todos os momentos, o que me deu mais gozo, por aproveitar as capacidades do Fernando Rafael, foi a «Arrematação», que escrevi com base nas minhas memórias das festas do Santo Antão da minha infância, em Caria. O Rafael fazia sempre sucesso a dizer estes versos com a alma que só ele sabe transmitir, intercalado com uma música que o Pedro Concertinas escolheu, da qual só me lembro que punha o Rafael a dar pulinhos no palco. Alguém se lembra de qual era essa música?
Aqui ficam fotos e a letra da «Arrematação». Quem dá mais? Quem dá mais?
Boa gente, venham cá, chegou a hora
De fazermos a arrematação
Para ajudar as obras da capela
E se quiserem prender um coração
A Ti’ Maria ofertou esta galinha
A melhor poedeira da aldeia
E p’ra quem não quiser estar à espera
Leva a cesta que de ovos está cheia
Sai a dez! Quem dá mais? Quem dá mais?
Doze mil réis p’ró Elias marceneiro
Quinze mil para o António da burra
Vinte mil réis para o Ti’ Zé Ribeiro
Vinte mil réis, uma. Vinte mil réis, duas. Vinte mil réis, três!
Arrematado! Que seja abençoado
E bem haja a quem a oferta fez
Feita pela D. Fátima da Fé
Galinha assada, um chouriço, uma broa
Arroz doce e um litro de água-pé
Sai a vinte! Quem dá mais? Quem dá mais?
Trinta mil réis p’ró Ti’ Carlos Sacristão
Setenta e cinco ali para o Zé Ceroulas
Cem mil réis p’ró Chico da estação
Cem mil réis, uma. Cem mil réis, duas. Cem mil réis, três!
Arrematado! Que seja abençoado
E bem haja a quem a oferta fez
O Carlos Car(v)alho relembra-nos a música que usámos: os primeiros acordes da Chula de Paus.
quarta-feira, fevereiro 16, 2011
quinta-feira, fevereiro 10, 2011
Mercado de Sabores Solidários
quarta-feira, fevereiro 09, 2011
Tu_na Culta ou Flatu_Na?
A Arte de Todos os Tempos, Credos e Lugares...
Publicada pela primeira vez em 1751 numa edição anónima, “A Arte da Flatulência” teve tanto sucesso que o autor - Pierre-Thomas-Nicolas Hurtau - a reeditou várias vezes até à sua morte em 1791. Com o tempo, a dissertação tornou-se um clássico da literatura cómica, escatológica e pseudo-científica, existindo actualmente incontáveis edições e traduções da obra no mundo inteiro.
O que cheira verdadeiramente mal, diz ele, é o preconceito. E a incapacidade de rirmos de nós próprios, das nossas debilidades. Ou seja, o que a flatulência tem de dramático é vir lembrar-nos de que somos imperfeitos e mortais. Que algo está podre dentro de nós, mesmo antes de morrermos. E, contra isso, só há um remédio: rir, mas rir com arte.
Este falso cientista, mas verdadeiro filósofo, leva a paródia às sua últimas consequências, pois, no fundo, quer relembrar-nos que, por baixo das rendas e dos perfumes, temos vísceras, como qualquer outro animal, e não devemos envergonhar-nos do que somos, antes vivê-lo com bom humor. Tanto mais que, como afirma, a flatulência é uma necessidade da natureza, uma condição de boa saúde, que pode e deve ser assumido como fonte de prazer. E até de arte, pois “dar flatulências” não custa, custa é saber dá-las.
Não, “A Arte da Flatulência” não se limita a ser uma obra satírica. Tem uma dimensão sociológica a que só serão sensíveis os narizes mais finos e os ouvidos mais sagazes. Essa é uma das razões por que o livro não perdeu actualidade. A outra é o facto inegável de a flatulência permanecer hoje uma manifestação desconhecida da generalidade das pessoas como o era no séc XVIII. Por isso, não venham dizer que a matéria do texto é de mau gosto.
De resto, este poeta dos gases, este sábio da flatulência, deixa expresso o mais louco dos desejos: o de assistir um dia a um concerto de flatulências, concebido por um compositor capaz de transformar em música os sons mais viscerais. Em suma, decerto já o perceberam: a matéria do livro é, sem tirar nem pôr, um dos vários capítulos da mais difícil e exigente das artes: a Arte de Viver.
Post Sriptum:
Respeitando a sensibilidade dos meus queridos amigos e amigas, optei por não usar a linguagem escatológica da tradução portuguesa, sem que, no essencial, tenha havido alteração do sentido do texto. Em todo o caso, aceita-se a crítica de que o termo utilizado – flatulência - seja pouco preciso quanto ao ponto de saída da dita. Assim e para os que se preocupam com a qualidade da tradução, com a preservação e – por que não dizê-lo? – com a valorização de uma certa linguagem popular, creio que não será difícil repor a pureza das palavras originais, bastando, para tanto, substituir “flatulência” por “peido”. Ipsis Verbis.
(A Arte de dar Peidos - Ensaio teórico-físico e metódico de 1751, de Pierre-Thomas-Nicolas Hurtaut. Editora Orfeu Negro, Novembro de 2010. Texto adaptado)
Publicada pela primeira vez em 1751 numa edição anónima, “A Arte da Flatulência” teve tanto sucesso que o autor - Pierre-Thomas-Nicolas Hurtau - a reeditou várias vezes até à sua morte em 1791. Com o tempo, a dissertação tornou-se um clássico da literatura cómica, escatológica e pseudo-científica, existindo actualmente incontáveis edições e traduções da obra no mundo inteiro.
O que cheira verdadeiramente mal, diz ele, é o preconceito. E a incapacidade de rirmos de nós próprios, das nossas debilidades. Ou seja, o que a flatulência tem de dramático é vir lembrar-nos de que somos imperfeitos e mortais. Que algo está podre dentro de nós, mesmo antes de morrermos. E, contra isso, só há um remédio: rir, mas rir com arte.
Este falso cientista, mas verdadeiro filósofo, leva a paródia às sua últimas consequências, pois, no fundo, quer relembrar-nos que, por baixo das rendas e dos perfumes, temos vísceras, como qualquer outro animal, e não devemos envergonhar-nos do que somos, antes vivê-lo com bom humor. Tanto mais que, como afirma, a flatulência é uma necessidade da natureza, uma condição de boa saúde, que pode e deve ser assumido como fonte de prazer. E até de arte, pois “dar flatulências” não custa, custa é saber dá-las.
Não, “A Arte da Flatulência” não se limita a ser uma obra satírica. Tem uma dimensão sociológica a que só serão sensíveis os narizes mais finos e os ouvidos mais sagazes. Essa é uma das razões por que o livro não perdeu actualidade. A outra é o facto inegável de a flatulência permanecer hoje uma manifestação desconhecida da generalidade das pessoas como o era no séc XVIII. Por isso, não venham dizer que a matéria do texto é de mau gosto.
De resto, este poeta dos gases, este sábio da flatulência, deixa expresso o mais louco dos desejos: o de assistir um dia a um concerto de flatulências, concebido por um compositor capaz de transformar em música os sons mais viscerais. Em suma, decerto já o perceberam: a matéria do livro é, sem tirar nem pôr, um dos vários capítulos da mais difícil e exigente das artes: a Arte de Viver.
Post Sriptum:
Respeitando a sensibilidade dos meus queridos amigos e amigas, optei por não usar a linguagem escatológica da tradução portuguesa, sem que, no essencial, tenha havido alteração do sentido do texto. Em todo o caso, aceita-se a crítica de que o termo utilizado – flatulência - seja pouco preciso quanto ao ponto de saída da dita. Assim e para os que se preocupam com a qualidade da tradução, com a preservação e – por que não dizê-lo? – com a valorização de uma certa linguagem popular, creio que não será difícil repor a pureza das palavras originais, bastando, para tanto, substituir “flatulência” por “peido”. Ipsis Verbis.
(A Arte de dar Peidos - Ensaio teórico-físico e metódico de 1751, de Pierre-Thomas-Nicolas Hurtaut. Editora Orfeu Negro, Novembro de 2010. Texto adaptado)
*Texto recebido pela net, onde também pesquisei fotos.
segunda-feira, fevereiro 07, 2011
domingo, fevereiro 06, 2011
ANIVERSÁRIO
sábado, fevereiro 05, 2011
quinta-feira, fevereiro 03, 2011
Momento Cultural ou "Tu na Culta"!
ÁLIBIS
Um amigo meu que é tipógrafo, diz que leva sempre um exemplar do jornal onde trabalha «para mostrar em casa à mulher que esteve a trabalhar durante o dia».
Um pescador, que conheço, também costuma passar pelo mercado, não para se gabar das suas façanhas, mas para a mulher não desconfiar de que não foi à pesca.
Um calceteiro, com quem falei há tempos, confessou-me que leva diariamente uma dor de rins para casa a fim de a mulher lhe não fazer cenas de ciúmes.
Aquele provador de vinhos, que encontrei, explicou-me também que nunca lavava os dentes antes da mulher ter a certeza do volume do trabalho que diariamente o avassala.
Outro que tal, era aquele noticiarista que antes de ler as notícias ao microfone, dizia: «Olá, querida!».
Não há dúvida que há mulheres ciumentas e maridos que não querem problemas em casa. Penso, no entanto, que os homens abusam.
Os casos que citei são bons exemplos de homens felizes. O seu trabalho faculta-lhes o álibi que as respectivas mulheres exigem.
Agora, se vocês são meus amigos, digam-me: acham francamente, que a minha mulher vai acreditar que levei todo o dia para escrever isto?
(Joaquim Letria, in “Histórias para ler e deitar fora”)
Um amigo meu que é tipógrafo, diz que leva sempre um exemplar do jornal onde trabalha «para mostrar em casa à mulher que esteve a trabalhar durante o dia».
Um pescador, que conheço, também costuma passar pelo mercado, não para se gabar das suas façanhas, mas para a mulher não desconfiar de que não foi à pesca.
Um calceteiro, com quem falei há tempos, confessou-me que leva diariamente uma dor de rins para casa a fim de a mulher lhe não fazer cenas de ciúmes.
Aquele provador de vinhos, que encontrei, explicou-me também que nunca lavava os dentes antes da mulher ter a certeza do volume do trabalho que diariamente o avassala.
Outro que tal, era aquele noticiarista que antes de ler as notícias ao microfone, dizia: «Olá, querida!».
Não há dúvida que há mulheres ciumentas e maridos que não querem problemas em casa. Penso, no entanto, que os homens abusam.
Os casos que citei são bons exemplos de homens felizes. O seu trabalho faculta-lhes o álibi que as respectivas mulheres exigem.
Agora, se vocês são meus amigos, digam-me: acham francamente, que a minha mulher vai acreditar que levei todo o dia para escrever isto?
(Joaquim Letria, in “Histórias para ler e deitar fora”)
quarta-feira, fevereiro 02, 2011
Ó Car(v)alho, conhecem-te até no Alentejo!
Prendinha da São Patrício para o Carlos Car(v)alho:
Dia Mundial das Zonas Húmidas
Apresentamos duas imagens para reforçar esta divulgação, porque hoje é o Dia Mundial das Zonas Húmidas!
"...Em 2011, o material de divulgação preparado para as comemorações do Dia Mundial das Zonas Húmidas, que se comemora a 2 de Fevereiro, chama a atenção para a necessidade duma visão integrada de toda as "Zonas"..., quando se pretende gerir as que respeitam às zonas húmidas, daí o tema deste ano ser “Por esta "bacia"... abaixo, as zonas húmidas ligam-nos uns aos outros.”
terça-feira, fevereiro 01, 2011
Deolinda - "Que parva que eu sou"
Sou da geração sem remuneração
E não me incomoda esta condição
Que parva que eu sou
Porque isto está mal e vai continuar
Já é uma sorte eu poder estagiar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
Sou da geração "casinha dos pais"
Se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
Sou da geração "vou queixar-me pra quê?"
Há alguém bem pior do que eu na TV
Que parva que eu sou
Sou da geração "eu já não posso mais!"
Que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
O "Feicebocas" rejuvenesce!
No caso presente os "Parabéns" respeitam a alguém que também não envelhece! Mesmo que o B.I. possa referir outra idade!PARABÉNS Alfredo!
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