Em Outubro desse ano, recebemos a visita dos nossos amigos da Noruega, com o seu grupo de danças tradicionais. No dia 11 de Outubro, fizemos uma actuação conjunta, com as Cantadeiras de Caria, no salão da Junta de Freguesia de Caria. Casa cheia de malta que assistiu ao espectáculo «Triunfo do Sol».
Nessa altura já se falava, em conversas e reuniões, da necessidade de se criar um novo espectáculo. O João Curto dizia que estava disponível para pensar nisso: "entre 24 de Outubro e 8 de Novembro de 1997 é que não posso, porque há as Jornadas do GEFAC". Mas o tempo passava e o João Curto tornou-se o nosso D. Sebastião, pois nunca mais apareceu.
Enquanto muita malta achava que sem o João Curto não conseguiríamos fazer nada de jeito (sendo o Pedro Concertinas quem mais dizia isso, mas outros pensavam o mesmo) alguns de nós decidimos avançar com as nossas próprias ideias.
E criámos a «Romaria», com uma entrada de sons do campo (com badalos, um "grilo" que era o alarme de um relógio digital, uma "vaca" do Imaginarium, um passarito que era um pequeno assobio de barro com água dentro,...) na madrugada do grande dia, enquanto as mordomas limpavam e arranjavam a capela... a romaria ao santo (que eu levava de casa, um Santo António bem pesadinho, em calcário)... as danças e os cantares de festa... «a arrematação»... e o regresso da romaria, com a Luisa Moura a cantar o «Borda d'água».
Em Novembro de 2000 regressámos a Caria, desta vez com a «Romaria»... e foi de novo um sucesso.
De todos os momentos, o que me deu mais gozo, por aproveitar as capacidades do Fernando Rafael, foi a «Arrematação», que escrevi com base nas minhas memórias das festas do Santo Antão da minha infância, em Caria. O Rafael fazia sempre sucesso a dizer estes versos com a alma que só ele sabe transmitir, intercalado com uma música que o Pedro Concertinas escolheu, da qual só me lembro que punha o Rafael a dar pulinhos no palco. Alguém se lembra de qual era essa música?
Aqui ficam fotos e a letra da «Arrematação». Quem dá mais? Quem dá mais?
Boa gente, venham cá, chegou a hora
De fazermos a arrematação
Para ajudar as obras da capela
E se quiserem prender um coração
A Ti’ Maria ofertou esta galinha
A melhor poedeira da aldeia
E p’ra quem não quiser estar à espera
Leva a cesta que de ovos está cheia
Sai a dez! Quem dá mais? Quem dá mais?
Doze mil réis p’ró Elias marceneiro
Quinze mil para o António da burra
Vinte mil réis para o Ti’ Zé Ribeiro
Vinte mil réis, uma. Vinte mil réis, duas. Vinte mil réis, três!
Arrematado! Que seja abençoado
E bem haja a quem a oferta fez
Feita pela D. Fátima da Fé
Galinha assada, um chouriço, uma broa
Arroz doce e um litro de água-pé
Sai a vinte! Quem dá mais? Quem dá mais?
Trinta mil réis p’ró Ti’ Carlos Sacristão
Setenta e cinco ali para o Zé Ceroulas
Cem mil réis p’ró Chico da estação
Cem mil réis, uma. Cem mil réis, duas. Cem mil réis, três!
Arrematado! Que seja abençoado
E bem haja a quem a oferta fez
O Carlos Car(v)alho relembra-nos a música que usámos: os primeiros acordes da Chula de Paus.
Boa Paulo, aprendeste a fazer "fundos" e está a resultar muito bem!Gosto.
ResponderEliminarQuanto à recordação destes tempos já algo escrevi no "Encontro de Gerações"
Aqui está um pouco mais de «história», para a malta que passou aqueles momentos antes de eles chegarem ao palco.
ResponderEliminarGrande tramóia de vocemecês os dois!
ResponderEliminarE boa reportagem da minha filha na Lapa do Lobo!
Momentos de glória para todo o Grupo!
E o novo visual deste Blog!
Tá lindo!!!!!
Gostas, Rafaelito? Ainda bem!
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